terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Neuroevolução
Nubor Orlando Facure
O nosso cérebro é uma conquista evolutiva como qualquer outra nos seres vivos. Evoluímos – todos os seres humanos - com a mesma aparência morfológica e os mesmos mecanismos cognitivos.
Daí nossa semelhança no uso da linguagem, no comportamento e no emprego das mesmas regras para o processamento mental. O que nos diferencia é a sensibilidade em reagir aos estímulos ambientais – nossas opções para o tipo de trabalho, o gosto pela arte, o apego à família, o respeito à natureza e o temor à divindade.
A evolução nos dotou de módulos mentais cognitivos:
São um conjunto de seqüências de instruções com as quais os organismos são cognitivamente preparados para perceber uma porção de informações sociais/ambientais específicas (um input) tratá-las e transformá-las, vias de regras em decisões (um output) afetando: um outro módulo mental – a visão despertando a memória, ou uma resposta fisiológica – meu cansaço é fome, ou uma resposta ao ambiente – é melhor sair daqui, tem muita abelha.
Cada módulo mental tem um “design” básico que passou por etapas de desenvolvimento – herança biológica – Privilegiamos a visão à cores e em profundidade. Deixamos o olfato para um plano secundário. Nossas percepções são fortemente contaminadas por emoção. A atenção se expandiu para mais de um foco – posso ler um jornal, ficar atento ao noticiário da televisão e estender a mão quando o telefone toca.
Uma mente modular nos favorece mais eficiência e rapidez dada a divisão de tarefas cognitivas, das especializações e sub- especializações mentais.

Na evolução, nosso comportamento foi sempre dirigido para solução de um problema adaptativo específico.
Com a mente, temos um conjunto de regras de processamento de informações para produzir essas soluções adaptativas - Temos módulos cognitivos para isso.
Escolher alimentos comestíveis, escolher parceiros amorosos, combater inimigos, identificar trapaceiros sociais e cuidar da prole.
A pressão do ambiente promoveu a organização funcional da mente. Vivemos num ambiente de adaptação evolutiva. Enfrentamos desafios para encontrar alimentos, selecionar e conquistar parceiros amorosos, identificar trapaceiros, localizarmos o espaço (onde estamos).
Hoje existe muita diferença entre o ambiente ancestral e o ambiente moderno – provocando situações mal-adaptadas - essa discrepância pode levar ao aparecimento de doenças.
Nossos mecanismos cognitivos estão adaptados para um ambiente social caçador-coletor. A adaptação exige centenas ou milhares de gerações em um ambiente com condições razoavelmente estável.
No período de revolução pós-agrícola houve mudanças bruscas – uma dieta com açúcar, o sedentarismo e o acúmulo de riquezas – e não houve tempo de seleção de mecanismo de reação a essas novas condições, levando a comportamentos mal-adaptativos – na verdade a mudança foi mais quantitativa – continuamos com os mesmos desafios para buscar comida, parceiro e acumular bens – ocorreu uma flexibilização dos nossos mecanismos mentais – e o cérebro já está adaptado?

Um comentário:

  1. Parabéns! Matérias interessantíssimas q abordam assuntos dos quais o homem resiste em discutir. Tenho muita afinidade com este tipo de estudo.
    Elizabeth Facury wigg Abirached

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